quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Exemplos de notas e chamadas

O presente de natal do Jornal Nacional

Por Venício A. de Lima
Qualquer lista séria dos principais jornais do mundo incluirá o Le Monde. Fundado pelo general Charles de Gaulle (1890-1970), em dezembro de 1944, era parte do programa maior de libertação da França que se seguiu ao fim da ocupação nazista na Segunda Grande Guerra. Dirigido ao longo de 25 anos por um membro da Resistência e respeitado intelectual – Hubert Beuve-Méry (1902-1989) –, o Le Monde consolidou sua posição de "independência" com as denúncias de tortura perpetradas pelo exército francês na Argélia, convencendo seus leitores de que a guerra colonial "não era apenas uma questão política, mas era também moral". Tornou-se, desde então, uma referência na e da França.

Depois de 65 anos de existência, o Le Monde decidiu eleger, pela primeira vez, um personagem do ano em 2009. E essa escolha recaiu sobre o presidente Lula. O tema mereceu a primeira página do jornal francês na edição de 24 de dezembro, mais capa e longa matéria na sua revista semanal.

 O que é notícia?

 Serviria ao interesse público saber que um dos mais importantes jornais do mundo escolheu um presidente brasileiro – qualquer que seja o presidente brasileiro – como "Homem do Ano" e quais as razões que justificaram tal escolha? Constituiria esse fato uma "notícia" a ser divulgada no Brasil?

 Aparentemente, sim. O portal G1, das Organizações Globo, por exemplo, postou matéria às 10h46 do dia 24/12 com o título "Le Monde escolhe Lula como `homem do ano 2009".

 Vejamos qual foi o julgamento dos editores dos nossos principais telejornais sobre a "noticiabilidade" da escolha do Le Monde

 O Repórter Brasil Noite, da TV Brasil, deu chamada... O jornal francês Le Monde elege o presidente Lula o homem do ano de 2009. É a primeira vez que o diário de Paris, com 65 anos de história, faz esse tipo de indicação.

 ... e nota com o seguinte texto:

 Pela primeira vez o Le Monde escolhe o homem do ano: Lula

 Apresentadora Carla Ramos – Pela primeira vez, em seus 65 anos, o jornal francês Le Monde escolheu a personalidade do ano e o eleito foi o presidente Lula. Segundo o jornal, um dos mais tradicionais da França, a escolha levou em conta a projeção internacional que o presidente Lula ganhou com as iniciativas de diálogo entre os países pobres e ricos. O jornal diz que Lula mudou a cara da América Latina e transformou o Brasil em uma potência. Mas o Le Monde lembrou que o Brasil ainda tem problemas estruturais na educação, casos de corrupção e uma Justiça preguiçosa.

 O Jornal da Record não deu chamada, mas deu nota com o texto abaixo: Presidente Lula é eleito o homem do ano pelo Le Monde

 Apresentador Celso Freitas -: O presidente Lula foi eleito personalidade do ano pelo jornal francês Le Monde. É a primeira vez, em 65 anos de história, que o jornal elege uma personalidade. Em uma reportagem de quatro páginas com o título `O homem do ano`, a revista semanal do veículo destacou a preocupação de Lula com o desenvolvimento econômico do Brasil, além dos esforços do presidente na luta contra a desigualdade social e na defesa do meio ambiente.

O Jornal da Band deu chamada, nota e comentário: Jornal da maior prestígio da França elege Lula homem do ano.

 Apresentador Ricardo Boechat – O presidente Lula foi eleito pela segunda vez o homem do ano. Depois do jornal espanhol El País, agora o título veio do francês Le Monde.

 Apresentadora Ticiana Villas Boas – É a primeira vez, em 65 anos de história do jornal, que o Le Monde faz esse tipo de indicação. A publicação justificou a escolha de Lula como o homem do ano por sua trajetória de antigo sindicalista por seu sucesso à frente de um país tão complexo como o Brasil, pela preocupação com o desenvolvimento econômico, com o combate à desigualdade e com a defesa do meio ambiente.

 No começo do mês, o presidente já havia recebido a mesma homenagem do jornal espanhol El País. Em um artigo escrito pelo primeiro-ministro, José Luis Zapatero, Lula foi chamado de homem que assombra o mundo.

 Comentário de Joelmir Beting – Para o Le Monde, francês, Lula é o homem do ano. Agora, para a revista Time americana, o cara do ano é Ben Bernanke, presidente do Banco Central dos Estados Unidos. Pararraios da crise global, ele usa e abusa. Para Lula, a crise não passou de `marolinha´, sua versão light aqui no Brasil. Para Bernanke, ela custou um desembolso em pronto-socorro, até agora, de US$ 2,7 trilhões, ou dois PIBs do Lula .
 O SBT Brasil também deu chamada e nota:

 O presidente Lula é o homem do ano. É o que diz um dos jornais mais importantes do mundo.

 Apresentador César Filho – O presidente Lula ganhou o prêmio de `homem do ano´ de um dos jornais mais importantes do mundo: o Le Monde, da França. Pela primeira vez, em 65 anos, o Le Monde escolheu a personalidade mais importante do ano. Lula foi eleito pela trajetória singular à frente de um país tão complexo como o Brasil. Esta é a segunda homenagem a Lula na imprensa internacional só neste mês. No dia 11, ele entrou na lista das 100 personalidades mais importantes de 2009 feita pelo jornal espanhol El País. Em um artigo assinado pelo próprio primeiro-ministro da Espanha, José Luis Zapatero, Lula foi classificado de `homem que assombra o mundo.

 E o Jornal Nacional da Rede Globo, o telejornal de maior audiência do país, editado e apresentado pelo jornalista que, segundo pesquisa da Datafolha, é a personalidade que recebe da nossa população a segunda maior nota na escala de "confiabilidade" entre todos os brasileiros?

 Para o JN, a escolha de um presidente brasileiro como "Homem do Ano" pelo Le Monde não é notícia. O assunto simplesmente não entrou na pauta do telejornal .

 Direito a informação e censura

 Qual seria a justificativa editorial do JN para, ao contrário dos outros telejornais brasileiros, sonegar de seus muitos milhões de telespectadores essa informação?

 Seria pedagógico conhecer essas razões, já que o JN considera – e anuncia, inclusive, nas universidades brasileiras – que pratica o paradigma do "bom jornalismo", a ser seguido por todos nós.

 Seria, sobretudo, pedagógico discutir o critério jornalístico do JN à luz do direito à informação do telespectador. Esse direito tem sido veementemente evocado e defendido, não pelo seu sujeito, o cidadão, mas por grupos de mídia concessionários do serviço público de radiodifusão na permanente e incansável campanha que movem contra as "ameaças" de censura advindas do que consideram um Estado autoritário, incluindo decisões judiciais.

 Seria a censura – partindo de onde? – uma possível justificativa para a omissão do JN, inexplicável do ponto de vista jornalístico?

 Até que as razões sejam tornadas públicas, o telespectador do JN terá que se contentar com esse "presente de Natal" às avessas, no 24 de dezembro de 2009: omitir e esconder uma informação à qual ele – o telespectador – tem direito.

Fonte: Observatório da Imprensa

O que é uma manchete?

Os títulos devem apresentar um resumo da idéia do texto, ser informativo e atraente para o leitor. Devem ser claros, concisos e atuais. São peças importantíssimas e despertam o interesse para a matéria. Porém, para isso é preciso seguir algumas regras.

Jorge Pedro Sousa, em seu livro Elementos de jornalismo impresso afirma que "um bom título acrescenta valor a uma peça jornalística". Segundo o autor, os títulos têm as seguintes funções: revelar a essência do jornalismo, antecipar a história sem a esgotar, anunciar e apresentar a história, despertar a atenção, atrair e agarrar o leitor, refletir a estética e o modelo gráfico do jornal, organizar graficamente o espaço de um jornal e ajudar a hierarquizar as peças.
Referência
Projeto de acompanhamento da imprensa catarinense, produzido por alunos e professores da Univali. Integrante da Rede Nacional de Observatórios de Imprensa (Renoi); edição nº 117, de 26/3/2007

Exemplos de manchete

O GLOBO

- Dois novos casos com parentes atingem o Palácio do Planalto.

- Cai vantagem de Dilma sobre adversários

- Serra acirra medos contra Dilma e PT.

- Quadrilha vendia drogas em Búzios.

- Botafogo, Vasco e Fla só empatam.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

O que é notícia?

Professora e crítica literária - Maria da Conceição R. Hora

Notícia é a expressão de um fato novo, que desperta o interesse do público a que o jornal se destina. Caracteriza-se por uma linguagem clara, impessoal, concisa e adequada ao veículo que a transmite. Deve ter o predomínio da função referencial da linguagem. Há predominância da narração. Por ser impessoal, o discurso é de terceira pessoa. Em sua estrutura padrão, possui duas característica fundamentais: “ Lead” e corpo.

“Lead” consiste num parágrafo que apresenta um relato sucinto dos aspectos essenciais da notícia, cujo objetivo é dar informações básicas ao leitor e motivá-lo a continuar a leitura. Precisa, normalmente, responder às questões fundamentais do jornalismo: o quê, quem, quando, onde, como e por quê. Corpo são os demais parágrafos da notícia, nos quais se apresentam o detalhamento do exposto no “lead”, fornecendo ao leitor novas informações em ordem cronológica ou de importância.

Portanto, ao se escrever uma notícia, deve-se atentar para essas características de suma importância. (Referência bibliográfica: CEREJA, William R. & MAGALHÃES, Thereza C. Português: Linguagens. São Paulo: Atual editora, 1994, V.2)

Justiça aceita denúncia do MP contra atropelador de Rafael Mascarenhas

Justiça aceita denúncia do MP contra atropelador de Rafael Mascarenhas
Foram denunciados Rafael Bussamra, pai, irmão e outro motorista.
Rafael Bussamra confessou ter atropelado filho da atriz Cissa Guimarães.

Rafael MascarenhasRafael Mascarenhas foi atropelado quando o túnel
estava fechado (Foto: Reprodução / Multishow)

A Justiça do Rio de Janeiro aceitou a denúncia do Ministério Público contra Rafael Bussamra, jovem que confessou ter atropelado o músico Rafael Mascarenhas, no Túnel Acústico, na Gávea, Zona Sul da cidade. Além dele, serão julgados pela Justiça o pai de Rafael, Roberto Bussamra, o irmão, Guilherme Bussamra, e Gabriel Ribeiro, que estava dirigindo outro carro na hora em que Rafael Mascarenhas foi atropelado. De acordo com a decisão do juiz Paulo de Oliveira Lanzelloti Baldez, que saiu na segunda-feira (20), todos serão julgados no II Tribunal do Júri.

A promotora Marisa Paiva da 15ª Promotoria de Investigação Penal (PIP) ofereceu denúncia à Justiça do Rio no dia 10 de setembro contra os acusados de envolvimento no atropelamento que causou a morte de Rafael, no dia 20 de julho.

Rafael foi atropelado quando andava de skate no Túnel Acústico, que estava interditado.

De acordo com Baldez, Rafael responderá por homicídio doloso (quando há intenção de matar), corrupção ativa, fuga do local do acidente sem prestar socorro, participar de "pega" e fraude processual. Gabriel Ribeiro responderá por participação em "pega". Guilherme Bussamra responderá por fraude processual e Roberto Bussamra por corrupção ativa e fraude processual.

Em sua decisão, o juiz argumenta que "a principal questão a ser discutida gira em torno do elemento subjetivo do delito de homicídio, ou seja, se houve dolo ou culpa na conduta do agente." De acordo com o texto, o juiz irá decidir se eles irão a julgamento popular ou não.

Denúncia do MP
Segundo o Ministério Público do Rio, Rafael Bussamra foi denunciado por homicídio doloso. O jovem já havia sido indiciado no inquérito da 15ª DP (Gávea) pelo mesmo crime.

Já os outros denunciados são o pai de Rafael, Roberto Bussamra, seu irmão, Guilherme, e o amigo de Rafael, Gabriel Ribeiro.

Roberto foi denunciado por corrupção ativa e por tentar induzir a erro o agente policial, o perito ou o juiz. Guilherme foi denunciado apenas por este último crime, enquanto Gabriel responderá por participação em corrida não autorizada.

Roberto acusou os policiais militares Marcelo Bigon e Marcelo Leal de terem exigido R$ 10 mil para liberarem Rafael Bussamra. O Inquérito Policial-Militar (IPM), que investigou a conduta dos dois policiais militares, concluiu que Roberto Bussamra praticou corrupção ativa.

Trechos da denúncia do MP
No documento, a promotoria afirma que os jovens envolvidos no acidente "expuseram a risco os funcionários que trabalhavam na manutenção do Túnel Zuzu Angel, no sentido Gávea, quando, por volta de 1h30, efetuaram um retorno irregular por uma passagem de emergência para disputar um “racha”".
saiba mais

Antes da saída do túnel, “Rafael de Souza Bussamra, assumindo o risco de forma livre e consciente, não desacelerou seu veículo, que trafegava a aproximadamente 100 km/h” e, com o objetivo de vencer a disputa, ele realizou uma ultrapassagem em alta velocidade pela direita e atropelou Mascarenhas, que andava de skate no local.

O texto continua afirmando que o denunciado "assentiu com o possível e provável atropelamento, pois, além de criar o perigo ao trafegar em alta velocidade em via interditada, decidiu não diminuir a velocidade ao avistar pessoas na pista. Ao contrário, efetuou uma manobra brusca e repentina para ultrapassar o outro veículo, completamente indiferente ao resultado que pudesse advir”.

PMs também foram denunciados
O Ministério Público do Rio já havia denunciado, no dia 23 de agosto, os policiais militares Marcelo José Leal Martins (3º Sargento) e Marcelo de Souza Bigon (Cabo), lotados no 23º BPM (Leblon), que teriam recebido propina do pai do motorista que atropelou Rafael Mascarenhas.

Fonte: Portal de notícias G1